domingo, 18 de novembro de 2007

dos Mestres

O Mestre escolhido para Novembro é Sri Nisargadatta Maharaj; os excertos são do livro “I Am That”. Nisargadatta viveu em Bombaim e morreu em 1981 aos 84 anos. O livro “I Am That” é, para mim, o melhor livro que existe. A afirmação é forte; o livro é simples, complexo, desconcertante e directo á Verdade. Talvez a nossa mente tão habituada a muita informação para coisa nenhuma não consiga apreender tudo o que Nisargadatta diz, mas é por isso mesmo que este livro é tão fantástico.

N.:“O objectivo é mostrado pelo Guru, os obstáculos descobertos pelo discípulo.(..)

Na verdade o discípulo não é diferente do Guru. Ele é o mesmo centro sem dimensão de percepção e amor em acção.É apenas a sua imaginação e auto identificação com o imaginado que o emprisiona e o converte numa pessoa.O Guru está pouco interessado na pessoa. A sua atenção centra-se no observador interior. É função do observador compreender e, como tal, eliminar a pessoa. Enquanto que há Graça por um lado , tem de haver dedicação á tarefa pelo outro.

P.: mas a pessoa não quer ser eliminada.

N.: a pessoa é meramente o resultado de um mal entendido. Na verdade, não existe tal coisa. Sentimentos, pensamentos e acções passam pleo observador numa sucessão sem fim, deixando marcas no cérebro e criando uma ilusão de continuidade. Uma reflexão do observador na mente cria a sensação de “EU” e a pessoa adquire uma aparente existência independente. Na verdade, não existe pessoa, apenas o observador identificando-se a si mesmo com o “eu” e o “meu”. O Guru diz ao observador: tu não és isso, não existe nada de teu nisso excepto o pequeno ponto de “eu sou”, que é a ponte entre o observador e o seu sonho. “Eu sou isto, eu sou aquilo” é sonho, enquanto puramente “eu sou” tem o selo da realidade em si. Tu experimentaste tantas coisas – tudo ficou em nada. Apenas a sensação “eu sou” persiste – imutável. Mantêm-te com o que não muda no meio do que muda até conseguires ir mais além.

(…)Tu enquanto pessoa imaginas que o Guru está interessado em ti como pessoa. Nada disso. Para ele tu nada mais és do que uma chatice e um obstáculo para ser removido. Ne realidade, o Guru aponta para a tua eliminação como um factor na consciência.

P.: se eu for eliminado, o que resta?

N.: nada fica, tudo fica. O sentido de identificação fica, mas não mais identificação com um corpo em particular. Ser – Consciência – Amor brilharam em todo o seu explendor. Libertação nunca é para a pessoa, mas sim da pessoa.

P.: e não fica nenhum traço da pessoa?

N.: uma vaga memória, como a memória de um sonho ou o início da infância. Afinal de contas, o que há para lembrar? Uma corrente de eventos a maior parte deles acidental e sem significado. Uma sequência de desejos, medos e outros que tais. Alguma coisa merecedora de ser lembrada? A pessoa nada mais é do que uma concha que te mantêm preso. Parte a concha.”